Eu, que sofro de preguiça - mas da preguiça grave, que compromete futuros - vejo na escrita o meu maior entusiasmo. São duas da manhã, tenho trabalhos para preparar para amanhã e, no entanto, aqui estou eu, no meu refúgio, naquilo que me faz feliz. Sobre o aquecedor está o pijama, a meu lado, a caneca de leite com chocolate vazia. Como música, toca a "Guaranteed - Eddie Vedder".
Preciso de por para fora, nem que seja só para mim, todos aqueles pensamentos que afluem à minha mente à velocidade da luz. São retratos de pessoas, descrições de passeios, divagações, sonhos, receios, pequenos desesperos. Sou humana, sou feita de carne que há-de perecer, que há-de morrer com o meu espírito um dia. Será que o espírito morre?
Quero agarrar-me com todas as forças ao lado bonito da vida. Às vezes, apetece-me ser mais pequena do que sou, para acusar os males de serem maiores do que são. Nessas alturas, nomeio o que está errado na minha vida. Aqui, através da escrita, não creio que chegue esse lado errado. Geralmente, quando escrevo, é precisamente para fugir.
E só costumo fugir para campos floridos povoados de castelos de areia inquebráveis.
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