achas que não fugi ao meu eixo para te encontrar? que não me detive no caminho? que os meus dias foram fáceis? virei as costas a quem me deu vida. por estas estradas é só doença, vícios, pobreza e fraqueza de espírito. miséria de alma. achas que me é fácil admitir que, a emergir do meu orgulho, do meu amor próprio, da minha veia feminista, da minha fortaleza de calcário de portas permanentemente trancadas e rodeadas de fossos - estás tu e o meu amor por ti? não me é fácil saber que há uma fraqueza na muralha e que, perante ti, e somente perante ti, seria capaz de me despir de máscaras e protecções e então, nua, estender-me no chão a teus pés, toda eu pura pele e sal, reduzida a nada que não à minha fome de ti. mundo. cá estou, ossos e cabelo, no frio da noite e das lajes, a pedir-te que me ames também. que te dispas também. que me recebas também. amor maior que a vida... dignidade? sei lá eu se tenho dignidade, quando tudo o que quero é beijar-te os pés. as sufragistas que me oiçam, e eu que sou livre de viver no séc. XXI e de adorar o deus que quiser. para mim o exemplo és tu. lá em cima, grandioso, estás tu. e eu espero que os meus braços sejam capazes de abraçar-te, na tua extensão infinita, e o meu peito de aquecer-te, meu amor de inverno. só por uma vez, quando tas disser ao ouvido, devolve-mas nos teus lábios. devolve-mas para que a minha queda seja ascenção e para que as minhas lágrimas sejam felicidade. amor, eternidade.
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