22 de mai. de 2011

demented happiness

What is it with me and love? I watch this little love miracles happen all over the place around me. Truth be told, I don’t really connect to any of these love stories. They always seem a little empty for me. Is it because I still dream of prince charming? Will this mean that I’ll end up alone or in some unsalted story of these? I remember the character of Kate Winslet, in Revolutionary Road, turning to her husband, Leonardo DiCaprio, and says «you promised me we wouldn’t be like everyone else». I guess that’s what I need to be told. So far, everyone I met had nothing but the same old collective path through life to promise me. And, with the few ones I loved, even that path seemed interesting. Still, only for those few I happened to love. Now, I see love stories occurring everywhere around me, simple stories – of boy meets girl through social networks, at high school, at the university, at the camping trip – and I realize that all those stories happen as farther from me as they can. Even the ones closest to me seem to be prohibited to touch it, to reach it. People I love the most on earth have never tasted love. Me neither. I’ve lived it in dreams a million times, I’ve imagined everything I could have, but I never actually rested my lips on it. And then there’s this problem of mine – the fact that I can’t easily fall in love. This seems not to make sense, when I realize that the last time I fell in love it happened in a fragment of time, like a flash passing over three or four whole days – I looked better at him, I understood great part of him, I wanted to know everything else about him, I wanted to be with him for the rest of my life – and that hasn’t changed since then. Am I cursed? Is it the love I carry in me a curse or a blessing? A rare, hopeless and useless blessing? Will I be stuck in this moment forever? In this dreams of me and him, of the perfect team we’d be together? Of the great life we’d perform together? Of the intelligent, well stimulated children we’d have? Of the kisses I’ll never get to know? Why don’t I simply fall in love with the first person I find likable to fall for me to? Why don’t I search for momentary happiness instead of a life of overwhelming, transcendent, happiness? This last one is so hard to reach… and surely I can’t get there on my own. I just hope, sincerely hope, because I got to the point I should start to make those questions, if will I ever let it go, of this past of lovers bigger than my soul. I had two and they almost broke me down. And I also had a smaller one, simpler one – and this happened to want me too, but it was just too simple, not for the circumstances, but for us. It was a story of a boy meets girl on a vacation and both fall for each other. Too simple, too poor. And I used to dream of greatness and excellence in my life, at least when it comes to love. I write novels, I’ve read hudreds of them, I know I good story when I see one. And it wasn’t a good story – just a satisfying one, and satisfaction is not what I want from life. I know I’m too ambitious in this aspect, but I don’t want to wake up glad that he is on the pillow by my side. I want to wake up euphoric that he’s there, I want to be excited, radiant! I don’t want to smile – I want to laugh. I don’t want the kind of peaceful feeling that overtakes one when another loves him back – I want to be thankful for the rest of my life for that, I want my days to be all but peaceful, I want us to fight, each and every day, against that same peace, I want us to collide as much as we can, so our chests won’t be able to get even closer, and, slowly, we start to share the knowledge one of another. With this not meaning that we’d be the double of each other, but that we’d know each other so damn good, and we’d respect the hell out of the other, that no one else, in the entire world and galaxy, would ever be able to provide that nearness. That’s what I want, and it’s not my choice to find people interesting – I just happen to think that 99% of the humanity has absolutely nothing to give me, and nothing to do with me, and I don’t want to meet them, it would bring too much trouble. In this 1% I know, and in those 0,1% that I love, I’ve found a source of demented happiness for life. What can I do if I love like a madwoman? He deserved nothing less than that.

13 de mai. de 2011

6.5.11; 5:29

Às vezes (frequentemente, aliás), pergunto-me se a vida é só isto. Este marasmo, esta corrida lenta de caracóis, com os olhos postos em lebres, lá adiante. Cada um deve traçar o seu objectivo, se é que é claro para todos que se deve ter um, como me parece claro a mim. A ausência total desde objectivo de vida deve perfazer um estado de deslocamento total. Alguém que não acredite numa meta, num sentido de existência, vive do quê e para quê? Simplesmente não questiona o seu papel naquilo que apelido de «criação»? Talvez seja de facto assim, a lógica das coisas – vir porque não passamos da ninhada indesejada de uma gata, mas esta gata seria a humanidade. Viemos somente porque tínhamos que vir? Porque a gata, e o gato, não tinham como fugir à sua natureza? Viemos sem saber se teríamos lugar no mundo, se seriamos amados e adoptados, ou, talvez, afogados num balde no recanto mais discreto de um quintal? Quem sabe seja o mundo que nos afoga, dia a dia. A mim, é a falta de respostas que me afoga. Custa-me a crer que vim só por vir. Que toda a conjuntura matemática que se pôs de acordo para me ter aqui, significa absolutamente nada, que não uma simples equação complexa. Tanto eu, como todos os que por cá vagueamos, ganhámos uma luta pela existência e, desde aí, temos ganho constantemente a luta pela sobrevivência. Não sou, contudo, egocêntrica ao ponto de julgar que a minha existência é uma estrela luminosa por entre as outras, ou que o Homem, como espécie (e ultimamente tenho tido demasiadas referências ao facto de sermos, simplesmente, outro animal à face da terra, embora um que se impõe e reina sobre todos) – Animal, Cordato, Mamífero, Primata, Hominídeo, Sapiens – é o centro do universo ou criação estratégica de um organismo abstracto e místico a quem tantos chamam deus. Ocorre-me que, talvez, diferença maior do que a sermos inteligentes, perante os animais, o que realmente diferencia o homem de um cão é o seu objectivo de vida. Enquanto o cão tem uma certa percentagem de inteligência, ou capacidade para a desenvolver, duvido que a evolução algum dia lhe traga a capacidade de estabelecer objectivos, de pensar a longo prazo, de se contemplar como um ser temporal, com passado, presente e futuro. Com isto não querendo dizer que, alguém sem objectivos, seja uma vaca. No entanto, parece-me a mim que esta sociedade onde nos deslocamos está a afastar-nos a todos do nosso objectivo superior – não posso crer, de forma alguma, que a vida seja só isto – nascer, chuchar, experimentar andarilhos, ir para uma creche e fazer amigos, festejar aniversários, ir para a escola, tirar um curso superior, casar, ter filhos, ser avô, morrer. Não, o lado bom da vida não podem ser só recompensas financeiras, noites com os amigos à beira mar ou promoções na carreira e tardes nos centros comerciais. Assim como o lado mau não pode ser só dificuldades financeiras e problemas com o estar-se demasiado gordo/magro. Acredito piamente que haja algo de transversal à vida de TODO e QUALQUER ser da espécie – Animal, Cordato, Mamífero, Primata, Hominídeo, Sapiens – e com isto digo que algo de intemporal liga esta espécie, não só a memória evolutiva dos finais de tarde nas selvas ou da utilização do polegar ou da inutilidade dos sisos para rasgar carne crua ou da apêndice para ajudar a processar a alimentação dos tempos remotos. Não, algo menos instintivo e mais de ser, mais racional. Algo como a mesma alma em vários corpos ou um propósito comum – algo que faça sentido, simultaneamente, para um Homo Sapiens que acabou de aprender a lidar com o fogo e um Homo Sapiens Sapiens que acabou de tirar um curso de informática. Como que o mesmo disco rígido em cada, só que invisível, mas imutável, formatado a cada nova existência, mas com fragmentos da anterior.

Não posso crer que a vida seja só isto, ou que a minha vá ser só isto, sempre – noites solitárias, a juventude a esvair-se, a pele mais áspera, as rugas a aprofundarem-se ao redor dos olhos, as mãos a envelhecer, o corpo a decompor-se, lentamente, sim, acho que decompor-se é a palavra certa, porque a cada instante que vivemos ele envelhece e dá um novo passo em direcção ao seu destino final – a ausência de vida. E ainda hoje, na aula de Ética, alguém disse «fumar mata», ao que se respondeu, sabiamente «viver mata». E é por viver, matar, que a vida não pode ter o curso pouco prático de, no máximo dos máximos, 120 anos. Isso é pouco para uma espécie, é nada para a evolução, é zero em termos de aprendizagem existencial. O que é que fazemos cá, afinal, se não estamos programados para aprender nada se não a comer de talheres e a fazer login no facebook?

Por favor, por favor, consciência geral da humanidade, o «deus» dos religiosos, não deixes que a vida seja só isto. O meu objectivo de vida está bem traçado, soa simples mas é complexo demais, embora fácil de atingir – é ser feliz. Para isso, é preciso que eu sinta que a vida valha a pena por mais do que um contrato com uma empresa. Tem que haver um encontro com as entidades originais, uma aproximação à natureza, um banho de instinto e saber inato a guiar-me por entre os futuros dias deste meu corpo. No final, têm que haver respostas, ainda que eu passe a vida inteira a procurá-las no espaço físico, espero que, ao menos no vácuo, as encontre um dia. No entre vidas, embora queira, mais que tudo, que esta seja a última. Embora ache, sinceramente, que esta é a minha última. Não porque aprendi tudo o que o budismo e psiquiatras como Ian Stevenson pressupõem que se deve aprender – mas porque, como objectivo final, que faz sentido para mim e que talvez tenha criado, porque acredito também que o nosso papel é criar qualquer coisa, nem que sejam as nossas próprias vontades, fundamentadas, e verdades pessoais, que o objectivo final, não da minha vida, mas desta experiência como tartaruga num aquário chamado Terra, é desprender-me de tudo. Até porque o Homem, no instante em que começou a agarrar as coisas com as mãos, nunca mais as largou. Tornou tudo seu: as pedras para casas, as árvores para sombra, os solos para cereais, os animais para alimento, as estrelas para adoração e os metais para terem qualquer coisa que valorizar. Desde aí, transformou tudo, das comunidades fez civilizações e, entretanto, fala-se em sociedades. Tem sido tudo «nosso», entretanto, e a cada vida o Homem é incitado a reclamar para si parte do que se converteu em bem, ou em criar novos bens dignos de serem disputados e desejados – sejam ipods, sejam ilhas no Pacífico. Tudo deve ter o seu dono e, no final das contas, o Homem é o dono de tudo. Talvez o objectivo seja, realmente, esse – parar de procurar valor fora de nós próprios, mas cá dentro. No entanto, a cada geração, o mundo evolui num sentido que só nos faz olhar para o exterior, para aquilo dos arredores que possa interessar-nos e, daí, a exigir que nos seja atribuído aquilo que queremos – sob o estigma do bem-estar, da realização pessoal, dos objectivos de vida. A verdade, é que também eu jogo no euromilhões. No entanto, ser desprendido é saber que algo acima de todo este pandemónio tem mais valor. Não é ser como aquele que se queria intitular o homem mais desprendido do mundo, porque só tinha umas cuecas, das quais era inseparável e pelas quais enfrentaria incêndios para as conservar intactas, mas é ser como aquele que, vendo a sua mansão ser consumida pelas chamas, continua a sua meditação tranquilamente. E é isso, por entre labaredas, terramotos, histerismos sociais, os quais oiço, por vezes até concordo, mas acabam por não significar mais do que o que são – histerismos sociais – e por entre assassinatos, milhões a morrer à fome, má gestão, seja o que for que nos desabe em cima, eu continuo a meditar sobre que raio é isto que sou eu, e que raio que é isto que sou eu faz aqui. E, se tiver que escolher entre deixar o mp3 na estação, porque me caiu na correria para o comboio, ou esperar vinte minutos pelo próximo comboio, eu escolherei sempre o meu tempo, irreversível. E, por tudo isto, e porque não daria a vida por cuecas algumas, e até porque não há caixa de recordações que mantenha, e porque os meus computadores são, provavelmente, feitos de plástico, e as minhas roupas não passam de trapos, e os meus livros estão guardados na minha memória, embora sejam aquilo a que me apego mais – mas não totalmente – que digo que não me há nada essencial, se não o ar. Se não aquele que amo. E, libertando-me desse amor, liberto-me de tudo. E, liberta de tudo, sou só eu, desprendida. E, eu só, desprendida, creio que esta é a minha última vida, porque aprendi a lição do desprendimento, e aprendi-a nesta vida, é algo que não trouxe de trás, e de que me adiantaria voltar ao mundo, sem desejo de ligação? E, mais do que recear que houvesse mais algo por aprender, há a certeza de que, ao contrário de tantos a que a pergunta pudesse ser feita, partindo do princípio de que se acreditasse em várias vidas – queres voltar? -Eu diria que não. Não, não quero voltar, não me ocorre nada para fazer por cá, o que não me consagra perfeita, mas também não me parece que a perfeição fosse o objectivo; não acredito que o universo trace caminhos que não sejam exequíveis e que levem a metas inalcançáveis. E não receio a morte, nada disso me causa angústia, mas inspira-me paz, descanso, harmonia final. Desprendi-me, porque larguei mão da última coisa que se pode largar a mão: da vida. E, depois disso, não há motivo pelo qual voltar.

É por isso que quero tanto ser feliz nesta vida. É a última, por muito ridículo que soe, por muito neurótica que pareça, por muito esquisitóide que me consagre com este género de afirmação, é algo que me é tão natural sentir quanto respirar – parece-me tão certo quanto o facto de pensar, logo, existir.

6.5.11; 5:29

4 de mai. de 2011

texto 1

1 - Sociedade Contemporânea

Quais são os motores que movem os homens de hoje em dia? Há aspirações fáceis de identificar, quase comuns a todos: dinheiro, reconhecimento, estatuto, fama. Nem tão pouco especifico através de que meios se perseguem estas aspirações, mas somente que elas constituem o objectivo final. O Homem entrou, desde o início, num caminho criado por si mesmo e, desde aí, tem-no trilhado como único caminho – criou labirintos, cuja saída projectou e, ainda assim, acha-se um vencedor quando a alcança. Criou estradas a perder de vista para encurtar as distâncias e, desde aí, tem-se entretido a percorrê-las. Desenvolveram-se até, entre os homens, filósofos, pensadores, iluminados. Ainda assim procuraram organizar os homens dentro das estradas já abertas e caminhos já trilhados. “Distinguem-se, entre eles, mas não deles”. No fundo, a Humanidade é toda igual, mas em etapas evolutivas diferentes. Enquanto uns morrem à fome, hoje preferem morrer de fome a desenquadrar-se dos ideais estéticos. Outros, ainda, podem empanturrar-se até à obesidade. A Humanidade, essa, é toda igual dentro das restrições que criou: paredes, razão, cepticismo, ciência. Quando quem passa hoje fome vir suprimida essa necessidade, a seu tempo chegará às preocupações estéticas – absurdo, grotesco, é a coexistência destas duas realidades no mesmo espaço físico.
Os homens chegaram até hoje recostados no progresso que o futuro foi conquistando. Progresso científico, matemático, tecnológico, civilizacional – social, diz-se. O homem está farto de cultivar jardim atrás de jardim, passeia-se nesses jardins, inventou hierarquias dentro desses jardins e figuras místicas para justificarem a sua existência e, nesse jardim, ignora-se a si acima de tudo. Há um conto oriental que diz que os deuses tiveram de esconder a Natureza divina do Homem perante o próprio. Não a enterraram, porque adivinharam que, nas suas buscas, não ficaria pedra sobre pedra. Não a esconderam no mar, porque também aí eles haviam de a procurar. De facto, o Homem tentou justificá-la como sendo o centro do universo, o que não é, ou criação suprema de uma divindade única (será?). Então, ironicamente, esconderam a divindade humana no interior do próprio Homem, onde tiveram a certeza de que este não a iria procurar.
A civilização moderna, global, mas especialmente ocidental, prega os valores da colectividade, mas desenvolve-se sob o signo do individualismo e da competição, do isolamento e do orgulho e próprio e realização pessoal. A busca da glória, honra, enriquecimento, é o discurso do Hitler para os alemães, do Bush para os americanos e do Fidel aos cubanos. O Homem quer ficar para a posterioridade – a bem ou a mal, desde que seja recordado. Outra história curiosa sobre o próprio homem, sugere que o mesmo terá previsto a sua própria auto-destruição, às suas próprias mãos e que, assim, terá criado mecanismos que lhe assegurassem um regresso à vida e uma reconquista das dimensões espaciais e temporais. Assim, este pode não ser um primeiro ciclo – uma primeira, única e contínua vida da civilização.
A sociedade actual afasta o Homem da sua Natureza, empurra-o para valores efémeros e supérfluos, e os filósofos sabem que, quanto mais o Homem se afasta da Natureza, menos puro se torna, e mais susceptível fica de ser corrompido pela vaidade, a ostentação e o ócio. A sociedade sussurra-lhe «olha ao teu redor, conquista como os grandes”. A Natureza diz-lhe “olha para dentro de ti e para ti, tão pequeno, tão nada neste universo infinito, e descobre-te nele” – fora de limites espirituais, é evidente.

2009

2 de mai. de 2011

insomnia

I would kiss you
On your knees, on your elbows, on your ankles
I would lie on your back
Our hands and legs tangled
Our body heats like the balanced temperature of the same planet
My belly would rest on your thighs
As I’d hold you tight
And I would kiss you behind the ears,
On the softer spot of your skin
And I’d trace roads of warmth between your shoulder blades
The tip of my nose would caress your front
I would rush my lips through your neck,
And be caught at the curve of your shoulder
I would be acquainted to the flavors of your skin
Is it salty on your forearm?
Is it sweeter on your wrist?
Sweaty on your palm?
Let me see how much of my tongue
Fits onto your clavicle
I would draw the very relief of you
With the tip of my fingers
I would kiss your hips,
The corner of your lips,
The high top of your eyebrows
And I’d do it all out of love
But imagine, my love, just imagine
What would I do…
If passion took me over.
Just imagine if…

Portishead - Roads