18 de mai. de 2012

cegueira

«Eu só tive um verão e associo sempre o calor a ele. E tu tiveste todas as estações com ele, e mais do que uma vez. Não consigo imaginar como seja... [a cisão]».

Acima de tudo?
É muito arrependimento.

Hoje também me perguntaram se mudaria alguma coisa no meu passado (a pessoa não me conhece bem).
Mudava isso.

Quando um dia os meus netos me perguntarem se nunca fiz disparates, responderei:
Fiz o maior deles todos, desperdicei muito tempo, abri uma porta que nunca devia, sequer, ter existido... mas acordei a tempo de construir uma vida nos alicerces certos.

É comigo, é comigo que não consigo lidar.
É comigo, com o tempo, com as ilusões.
Onde é que eu estava com a cabeça?
Onde é que estive com a cabeça durante tantos anos?
Desconfio que nunca me vou perdoar por esta.
Estou horrorizada com o quanto uma pessoa se pode enganar na vida. A si próprio, aos outros. O quanto pude deixar que me enganassem e eu sem ver e sem poder defender-me.

O amor é uma merda destrutiva.
A fé é uma merda destrutiva.
Lutar, à revelia de tudo o que sempre nos disseram, por vezes só leva à auto-destruição.
Lutei mais e durante mais tempo do que alguma vez vi alguém lutar.
Cada movimento em vão.
Tantas lágrimas...
Tanto desespero...
Sou péssima estratega.
O egoísmo... oh, o egoísmo,
O egoísmo de acreditar que esta luta, que era minha, traria frutos...

Não fui a tempo de evitar esse erro gigante.


Uma pessoa só tem que saber aceitar que a história não é a sua...
Não, esta história não é a minha.
Ao menos isso, despi-me do feio.


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