6 de jul. de 2011

me-decifra

Amadeo Modigliani's Female Nude
Uma vida de solidão doméstica. Noite dentro. Vida adentro. Por vezes, por entre o deambular nos corredores, descalça, de camisa de dormir, ocorre-me que os meus ossos podiam transportar não vinte e um anos de memórias, mas o dobro. Às vezes, quando franzo a testa, penso que as rugas podiam não ser de expressão, mas de preocupação, por questões práticas. Ópera algures, numas colunas não muito distantes. Olezzo di verbena. Perfume de verbena. Pele. Sulla tua bocca lo dirò. Sobre a tua boca di-lo-ei. Encontro. Um cigarro aceso na noite. Círculos de fumo branco. Boca. Dedos entrelaçados. Alguém que pense nas questões da vida por mim, enquanto eu escrevo novelas ou romances. Enquanto eu olho para os sonhos, alguém que olhe para a vida, para as nossas vidas. Solidão doméstica. Leite no frigorífico. Violinos. Cordas. Sopro. Portishead. Roads. A planta do pé sob a laje fria. Deambular. O cabelo enredado, poesia à espera de ser lida, demasiados livros na estante. Corpo. Sonhos, desejos, expectativas. Desejo. Não desejos, desejo. A humidade da pele no verão. Deslizar. Suor. Amor. Querer. Lusco-fusco. Um corpo estendido, em repouso. Cascata. Precipício. Cume. Suspiros. Outro corpo estendido sobre esse. Dança em mim. Imaginação. Fumaça. Lábios. Mundo. Mãos. Beijo. Desejo, amor. mãos minhas as com amor Faz. et-omA.

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