7 de ago. de 2011

1522 cartas de amor

«Certa noite sonhei que o amor da minha vida regressava de uma viagem e me entregava, em mãos, uma carta. A custo, tentava decifrar essa carta e encontrava lá palavras como "amor e casamento". Meio cega de felicidade, olhava na direcção dele e lá estava: contido, frio, distante, a conversar com alguém como se não me visse ou eu não existisse. Foi então que me perguntei se é possível que alguém ame outra pessoa com tamanha contenção, como se esse amor nem comichão lhe fizesse, e o carregasse com a leveza de quem leva um saco de plástico, vazio, na mão. Será que dói? Ainda que o saco pareça não pesar? Se ele me amasse assim, quão grande seria esse amor silencioso e contido? E porque esperara tanto para mo demonstrar por fim? Faria parte do seu plano organizado e racionalmente-irracional de vida? Tanta planificação assustar-me-ia tanto quanto acreditar na possibilidade de exitir tal amor. Mas, nesse mesmo sonho, tudo o que ele precisava, como frequentemente, era de tempo para olhar na minha direcção e sorrir. Acabava por cingir-me pela cintura, embora continuasse a falar para o lado, descontraídamente, e eu perguntava-me se, tal como a mim sucedia, ele estava 99,9% atento amim, quieta a seu lado, cingida pela sua mão, e 0,01% atento a essa conversa banal. Será que a respiração lhe falhava, como a minha? Será que a mão lhe queimava, como a minha pele queima sempre sob a mão dele? E então, alguém partia e ficávamos só os dois. Olhava-o nos olhos, a esse meu amor, e encostava o rosto ao dele. Depois, acabava por lhe encontrar os lábios. Queria dizer tanta coisa mas, o seguro, pareceu ser ficar calada. E assim foi, um abraço silencioso em que eu gritava o quanto o amo, e um entendimento mútuo que finalmente se assumia e que duraria, sem sombra de dúvidas no nosso espírito, uma vida inteira».

A Dream is a Wish Your Heart Makes...

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