12 de jul. de 2012

tudo o que nos demos

«diz-me que vais guardar e abraçar tudo o que eu te dei».

Esta letra foi uma premonição, não foi?
Parece que já sabias e que estavas a dar-me um último abraço, ao ouvido, numa noite em que tantos já se tinham ido deitar. Mas já havia pontes entre nós, daquelas intransponível, não havia? Estavas só a gritar-me do outro lado da falésia...

Eu guardei. Prometo-te que guardei.
Mas tinha que ser assim, faz mais sentido assim.

Mas eu guardei, está bem?
Fica guardado.

Houve um momento no tempo em que tudo foi possível,
tudo foi real. O momento foi efémero, nós também somos, também fomos efémeros.
Gozo agora esta doce morte de ter renascido para uma nova vida.

Ficamos com esta, então.
Foste tu que escolheste.
Por vezes foi tão bonito...

Eu guardei.
Fechei a porta e guardei.

Já foi...
não me dói.
É só um capítulo encerrado,
com a nostalgia dos capítulos encerrados.

«Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar
Pensa em mim, protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar
Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei
Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só
Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar»

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