23 de dez. de 2010

ano novo, casaco sobre os ombros

em que devo acreditar? é verdade que os meus sentidos já me trairam anteriormente, não ouvi coisas que teriam tido interesse, se ouvisse, e apanho excertos de coisas que, a ser verdade, me dilaceram. no entanto, oiço-as, ou julgo ouvi-las. almada está estranha, parece que os dias estão perfeitos para serem o último. eu sei que sou fatalista, mas de facto parece-me que a qualquer momento virá qualquer coisa por-nos um ponto final. em lisboa a mesma coisa, nas ruas desertas, nas pessoas,  na sua fealdade, são más, duvidosas. serão os ares daqui, serão os ares do mundo? é época de paz, é natal, devia estar cheia de perspectivas para o novo ano. tudo o que tenho agendado, contudo, é uma viagem de dez dias que vai determinar uma possível fuga de alguns anos. o meu futuro decide-se no próximo ano, e disso não tenho dúvidas, mas também não tenho o dom da clarividência, não sei ver de antemão o que vem aí baseada nos meus esboços de planos para um 2011 que determinará todos os 2000's do futuro. meto-me a ouvir rádios de clássicos, músicas de orquestra de anúncios de perfumes. preciso de um sinal, de muitos sinais. nós estamos distantes, hoje foi dia 23, hoje é dia 24, o tempo não se decide. nem eu, tão pouco. tudo o que me reconforta é que sei que, na entrada desse 2011, se precisar de vocês, vocês não me falham. será o tudo ou nada, existe a possibilidade de eu descobrir o que sou afinal. só espero que, se for fraca, quebradiça, me passem um casaco pelos ombros e me levem a passear sob neve e geada, se necessário. deixem-me chorar quando eu precisar de chorar, serei eu abandonada, ferida, destroçada, serei eu morta, mas a estrebuchar, uma outra vez. serei eu involuntariamente desrespeitada, serei eu desfeita, ausente, partida em mil cacos. mas vocês vão lá estar, e eu com vocês não tenho que caminhar quando me falham as forças... vocês carregam-me nos braços, com casacos sobre os ombros.

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