«E o amor transbordava. A cada vez que ele conduzia descalço ou se inclinava sobre um prato de comida, distraído. A sua nuca, as suas mãos, o seu olhar. Os seus comentários vagos, concisos, sem segundas intenções, entredentes. O amor vinha por fora e lavava-a, afogava-a. Bastava que, por um instante, ardesse o espaço entre a sua perna e a dele, a centímetros de distância. Bastava que, por um segundo, a mão dele roçasse o seu braço. Bastava que a mão dela, fingindo-se distraída, fosse agarrar o braço dele. O amor transbordava, vinha por fora, a cada vez que ele era ele, e que ela era ela, a seu lado. Bastava que, em efectivo, girasse o mundo e existissem os dois para que o amor dela, por ele, transbordasse.»
Estrelas Toscas, Agosto 2011
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