16 de nov. de 2010

1755

Na sequência de uma pesquisa sobre o terramoto de Lisboa, assisti a um pequeno trecho de um telejornal de 2007 que dava a conhecer conclusões tiradas de uma escavação de 2004 no Antigo Convento de Jesus. Ali terão sido enterrados, em vala comum, cerca de 2000 das vítimas do terramoto. Entre os apontamentos que fiz, consta este excerto que me arrepia e me faz crer que Lisboa foi, durante dias, o cenário do inferno na terra - uma anarquia de necessidades básicas.


«Armazéns foram destruídos, ao que se seguiu interrupção de abastecimentos devido ao fecho dos portos e fome generalizada que levou a actos impensáveis - um cão mordeu de tal modo a perna de uma criança que o osso demonstra o buraco do canino do bicho. Houve casos de canibalismo, com os ossos denunciando cortes de facas. Através da observação dos dentes, soube-se que os lisboetas de 700 tinham deficiências alimentares e falta de vitamina D – peixe, leite, carne. De 1099 dentes encontrados, só 179 apresentavam cáries, o que significa que apenas estes tinham dinheiro para açúcar. Os dentes estragavam-se devido à dureza dos alimentos. As dentições queimadas durante a catástrofe revelam temperaturas de mais de 1000 graus durante o fogo que deflagrou na cidade durante 6 dias.»

20 Junho 2010

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