Cá ando, assim assim, à portuguesa. Não me apetece fazer nada. Os últimos dias têm implicado despertares às quatro da tarde, divagações por canais de televisão desinteressantes, abrir e fechar de documentos escritos para acrescentar apenas uma vírgula ou um ponto final, filmes que me dão sono, livros que se acumulam sem que haja progressão na leitura e quadros elaborados que, depois de terminar, não sei onde colocar. Deito-me para trás na cadeira, fecho os olhos, bocejo, como chocolate, passo em revista as obrigações, choro a minha irresponsabilidade, daí a nada volto à passividade. Às vezes levanto-me e vou à janela, volto a sentar-me. Corro os canais todos: uns falam de múmias, os outros dão filmes demasiado complexos para o meu estado de espírito actual. Há quê? Três dias que assim ando, a esbanjar tempo em inutilidades, a desejar ter um jogo qualquer que não o de sempre, de criar seres como se fosse deus, para me distrair desta realidade de músicas que pouco me dizem, desta preguiça que é dona de mim a todos os instantes e das coisas que não devia ter dito mas que, por impulso, por ousadia, disse e agora não posso retirar. Resta-me esperar que me conheçam o suficiente para contornar as minhas máscaras e chegar ao verdadeiro eu.
17 Maio 2010
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