16 de nov. de 2010

banco de quintal

Quando me sentei a teu lado, hesitante em pegar ou não na tua mão, estendi-te a caixinha com o bolo de chocolate. Garanti-te que ninguém to ia tirar, era teu - ainda assim comeste-o tão depressa quanto conseguiste. Enquanto o mastigavas, o rosto a sujar-se com ele, soube que naquele momento estava a fazer-se história. Fitava o teu braço, os pêlos negros que o cobrem, a palidez da tua pele e a delicadeza do teu pulso. Estás mais magro, penso, enquanto sei que, naquele momento, a história já está feita. Daqui por diante, o chocolate, o bolo de chocolate, não será mais um prazer solitário, um capricho a que sou incapaz de negar-me quando estou a sós, quando me sei sozinha, quando quero sentir o conforto que só os abraços e o chocolate são capazes de transmitir. De agora em diante, o chocolate, os bolos de chocolate, seremos eu e tu sentados num banco, num quintal com um poço ao centro - nem sei ao certo quem mais estava connosco. Serei eu a ganhar coragem e a por o orgulho e as restrições de lado, a puxar-te para baixo do meu braço e a beijar-te a têmpora. Serei eu a decidir toda a minha vida a partir de amanhã, todo o meu futuro, por amor a ti. E serei eu a segurar a tua mão, como nunca tinha feito antes, e a sentir que o momento não foi forçado, não o fiz somente porque precisasses, porque ficasse bem, fi-lo porque o quis, mais do que tudo. Não vou a lado nenhum, e um dia vou aí buscar-te.

6 Setembro 2010

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