16 de nov. de 2010

insanidade total - dr. phil e os adolescentes

Há uns dias, a assistir pela primeira vez ao "Dr. Phil" (sim, que decadência), vi alguns dos comportamentos e reflexões dos pais sobre os filhos que mais me chocaram até hoje - e eu vou a reuniões de pais na Anselmo de Andrade!

Ora bem, o programa tinha o tema central "Risky teen behavior", e depois tínhamos coisas impensáveis como o "Jogo da Asfixia", no qual eles passam um braço pelo pescoço de outro e pressionam, para que ele desmaie e experimente as "maravilhas" de não ter o cérebro oxigenado, outro que, juntamente com os amigos, ia para parques temáticos com frequência, andava na montanha russa e aproveitava-se da força G gerada pela velocidade para conseguir desmaiar e diz que sentia uma espécie de "êxtase" ao despertar no final do passeio - diz que chegava a desmaiar 15 vezes por ida ao parque e que a mãe, ao repreendê-lo, não sabia o que estava a fazer. Depois havia outro, um rapaz de dezasseis anos que chumbou pela terceira vez o mesmo ano e a mãe, preocupada, resolveu escrever para o Dr. Phil: como professora de inglês no secundário, perguntava-se se o consumo que o filho faz de uma nova droga alucinogénica chamada "sávia", que alegamente mete as paredes a derreter e bichinhos a vir do tecto e a aterrar na sala, seria a causa do seu insucesso escolar. Ao longo do programa confessa que ela também fuma, ela é que o introduziu nisso, quer ser amiga dele, mais do que mãe, ela é que, inclusive, lhe vai comprar a droga, que o filho fuma como se fossem cigarros. Diz que não se sabe o suficiente da droga para ser perigosa e para proibir o filho, mas... será que está a afectar-lhe o cérebro em desenvolvimento? Por último, o Dr. Phil recebeu uns quantos e-mails de umas mães cujas filhas (entre 12 e 17 anos) praticam qualquer coisa agora apelidada de sexting, ou seja, enviam fotografias de si próprias nuas e em poses provocantes a amigos ou desconhecidos via telemóvel.


O choque, para mim, não foi nada do que está para trás, nem sequer a mãe que introduziu o filho na sávia e não sabia se era perigoso ou não, apesar de todas as recriminações do Dr. Phil, e da visível descrença do perigo no rosto dela. O choque foi o papel de TODOS os pais nestes comportamentos doentios dos filhos. Esta professora de inglês ia comprar a droga ao filho, dizia que tinha medo que ele fosse sozinho. Coloca-se a questão se sem comprador e sem dinheiro o filho estaria a chumbar pela terceira vez o mesmo ano escolar. A droga é tão forte que, em vídeos do youtube, se vê pessoas a dar uma primeira passa e a cairem para trás, ou completamente perdidas da noção de realidade.

Depois temos o filho que se faz desmaiar no parque temático, que diz com toda a arrogância que vai continuar e que a falta de oxigenação do seu cérebro, durante 5 ou 6 segundos, não terá consequências graves. A mãe, nervosamente, acaba por dizer ao Dr. Phil que não sabe o que fazer, e o médico pergunta-lhe: «deixe de lhe dar dinheiro para o parque temático!» ao que ela diz «mas eu não lhe dou dinheiro, ele vai comigo! o que é que eu hei de fazer com um rapaz da idade dele no Domingo à tarde?». Ao que, após o queixo do Dr. Phil cair, segue-se um debate sobre o facto de ser ELA a causa que possibilita que o filho pratique aquele comportamento impensável, o próprio médico diz: «então ele diz-lhe mesmo que, indo lá, continuará a praticar o mesmo comportamento, e a senhora dá-se ao trabalho de o proibir só para no Domingo a seguir o levar lá novamente consciente do que vai acontecer?».

Por último, e talvez o pior, foi uma mãe que ligou para lá em directo e que dizia:
«Descobri que a minha filha de 12 anos anda a enviar mensagens com fotografias dela nua a rapazes... não gostei nada daquele comportamento, e queria saber se o Dr. Phil acha que isto terá consequências para o futuro dela...?»
O Dr. Phil responde-lhe:
«Em primeiro lugar: quem é a mãe? Telemóveis, computadores e outras coisas afins não são bens de necessidade, são bens de conforto, são privilégios que, quando eles não cumprem com o que lhes é pedido, devem ser retirados. Depois, é evidente que esse comportamento terá consequências para o futuro dela: o que fica no cyberspace não desaparece assim, um dia ela pode estar à procura de emprego e essas fotografias aparecem por ter sido postadas na web, por exemplo. Agora, só lhe cabe a si tirar-lhe o telemóvel!»

Sinceramente, não acredito que nenhuma daquelas mães tenha corrigido o SEU comportamento, daí que o programa tenha sido uma fantochada de mães preocupadas que, na realidade, só queriam aprovação para deixar os filhos andar sem pesos na consciência. A coisa foi de tal proporção ridícula, que eu quis adoptar aqueles três adolescentes pirados para lhos devolver daí a um mês, com a mente já sã. Onde é que já se viu!!!! Uma miúda de 12 anos a enviar fotos nuas e a preocupação da mãe é se terá consequências para o futuro! Se fosse minha filha, além de só voltar a ter telemóvel aos 18, caiam-lhe uns quantos dentes durante o diálogo. Uma coisa é certa: da próxima vez pensava dez vezes antes de se despir.

PS - Ainda há aquela rapariga que envia 14 084 sms/DIA e o pai considera que é óptimo que a filha comunique, e que tenha tantos amigos. Estúpida é a mãe, que acha que aquilo é motivo para preocupação.

14 Novembro 2010

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