16 de nov. de 2010

este meu chão que é teu

tu dormias
no teu sono, eras criança
e eu quis falar-te disto
como se desafiasse a sorte
ou como se limitasse o teu caminho rumo a um norte
que é mais meu que teu
tu dormias, pequeno
e falei-te do que em mim era maior
tu de olhos fechados
e eu a contar-te a vida de cor:
a vida como vírgula, como pulsação
ou filme a preto e branco

 o meu chão é teu,
as minhas mãos são tuas
a minha noite é silêncio,
o meu dia é chuva,
o meu chão é teu,
as minhas mãos são tuas

já que foste a todas as ruas,
sabe que o meu chão é teu,
e que as minhas mãos são tuas,
quis-te nas minhas paredes
como se te fechasse em mim,
sei que ver-te aí dentro,
é sonho mais meu que teu

tu sonhavas,
e eu na realidade do vazio,
tu noutro lugar
e a vida a correr sem esperar:
como entrelinha, como travessão
ou filme a preto e branco


o meu chão é teu,
as minhas mãos são tuas
a minha noite é silêncio,
o meu dia é chuva,
o meu chão é teu,
as minhas mãos são tuas
os meus gritos são mudos,
os meus gestos falham,
mas o meu chão é teu
e as minhas mãos são tuas
o meu quintal é teu
a minha terra é tua
o meu dia é teu,
a minha água é tua,
o meu chão é teu,
as minhas mãos são tuas.

21 Outubro 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário