Depois quando vêm as desilusões fico meio atarantada a relembrar bons momentos. Enfim, vi isto enquanto assistia a um filme meio trágico, 'An Education', de madrugada e sozinha. Acontece que, como única luz acesa, um mosquito pequeníssimo pôs-se a embater repetidamente no vidro. Irritou-me e tentei afastá-lo com a mão, mas ele voltava sempre. Então peguei numa caixa de comprimidos que estava ao meu lado e tentei acertar-lhe com ela. Depois de falhar várias vezes, acertei-lhe com o pulso e o bicho deve ter ficado ressentido, porque veio contra a minha cara. Depois de piscar os olhos surpreendida, pus-me a pensar: ele vingou-se? Ou simplesmente não pensa? Conclusão, enterneceu-me tanto a suposta coragem do mosquito que não pensa, que me pus a rir sozinha e me descobri incapaz de matá-lo. Escusado será dizer que vi o restante filme com a caixa de comprimidos na mão para o afastar, mas sem intenção alguma de feri-lo.
E a minha veio de socióloga obrigou-me a aplicar isto à minha restante vida: basta um momento pequeno, em que eu admire ou sinta algum lampejo de compreensão pelo outro, para que me custe a pôr a hipótese de que a pessoa tenha más intenções e a deixe atazanar-me o quanto quiser.
Acho que a isso se chama ingenuidade.
E a minha veio de socióloga obrigou-me a aplicar isto à minha restante vida: basta um momento pequeno, em que eu admire ou sinta algum lampejo de compreensão pelo outro, para que me custe a pôr a hipótese de que a pessoa tenha más intenções e a deixe atazanar-me o quanto quiser.
Acho que a isso se chama ingenuidade.
(desenho by celia)
28 Maio 2010
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