16 de nov. de 2010

sometimes I just can't take so much ignorancehers

Há uma pastelaria maravilhosa, nova, em Almada. Recentemente, descobri-a. Desde aí, pego frequentemente nas pernas e vou lá. Não é exactamente barata, mas ultimamente sinto-me feliz só pelo facto de ser eu a pagar mais de 1€ por uma tartezinha de amêndoas, ou mais de 2€ por uma fatia de bolo ou de cheesecake, mas sempre bem servidos (que é como quem diz, a primeira garfada é divinal, na última já deito o bolo pelos olhos). Hoje apetecia-me ouvir a Prospekts March (Coldplay) ao por-do-sol, enquando caminho. Estava vento, estava frio e eu segui com os braços nus, arrepiados. A minha avó estava irritadiça, em casa, a aspirar o quarto de lenço no cabelo e ocorreu-me por instante que os meus turistas, provavelmente, nunca terão o vislumbre de uma dona de casa portuguesa a aspirar o corredor ao cair da noite.
Lutei contra a gula, mas apercebi-me que ela vence facilmente a preguiça. Sempre fui demasiado fraca quando toca a negar-me as minhas paixões. Peguei em mim, levantei dinheiro de propósito para pagar a tarte de amêndoas com que andava a sonhar e, a meio do caminho, decidi que ia também trazer pão. Perante isto, lembrei-me de enviar uma sms à minha avó para que ela tirasse a manteiga do frigorífico, que costuma estar em pedra lá dentro, para quando chegasse me pudesse empanturrar com o pão. Escrevi a sms nestes termos, após muito ponderar:

«tira a MIMOSA do frigorífico».

É que se dissesse: «tira a MANTEIGA do frigorífico», ela ia tirar a Flora (que nunca comi), a outra que para lá tem, ou mesmo a Vaqueiro, já que não há um grão de lógica naquela cabeça.

Sigo em paz, sento-me e peço uma fatia de cheesecake grande demais para mim e fico à janela, com os olhos incomodados pela luz do final de tarde, a devorar um doce maior que eu quando a Vânia me liga. Em seguida, pego no pão e inverto a marcha. Venho a sonhar com o pão, bom como sabia que ia ser, e a vê-lo todo barrado na manteiga, a comê-lo em vez do jantar, que não me tenta... ia nestas divagações quando chego a casa. Abro o saco do pão sobre a mesa e digo: «a manteiga?», não está no canto, habitual, ao lado do microondas, onde repousa quando foi tirada do frigorífico antecipadamente. Ao invés, estão dois pacotes de Natas Mimosa, nos quais a minha avó pega para me ilustrar:
- Era a manteiga? Ai não me digas, pensei que fossem as natas...

Depois temos uma discussão na qual ela justifica a troca com o facto de lhe doerem as pernas, e eu ergo as sobrancelhas, suspiro, levo as mãos à cabeça e me limito a dizer:
- Tens razão, fui comprar pão, é evidente que queria comê-lo com natas.
- O que é que queres? Doem-me as pernas! Se tivesses estado a aspirar a casa...

22 Julho 2010

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