A noite passada foi a esperada noite das estrelas cadentes. Já me tinha esquecido, perdida por aqui no mundo virtual, no mundo do queimar tempo de vida sem utilidade, quando me lembrei. Desliguei isto, peguei num robe, na almofada, num casaco para as pernas e na 'Prospekts March' e fui sentar-me nas escadas para o meu quintal. E o ângulo é tão pequeno, é um pedacinho de céu recortado por entre os telhados das casas. E, quando me sentei, havia apenas três ou quatro estrelinhas a brilhar, trémulas, no firmamento. Depois, conforme os meus olhos se habituavam à imensidão do universo, foi como se este se fosse aprofundando, dilatando, fugindo em distância, escurecendo, e as estrelas a surgirem, a cobrirem todo o pedacinho de céu que vejo das minhas escadas. E depois lá estavam, como num bailado, uma primeira a cruzar a atmosfera naquilo que pode ser considerado a "horizontal", era dourada, imponente, um pedaço de terra galáctica a penetrar na nossa atmosfera, o infinito do espaço a interagir connosco num espectáculo sem igual. Depois caiu outra, rasgou o céu na vertical, um pouco mais apagada. Outro desejo. E o pescoço a doer-me, e elas a bailarem, passavam para cá, para lá, e era a única palavra que me ocorria "interagir", o universo estava a interagir com as poucas pessoas que, por interesse, eventualmente se tenham recordado daquele evento natural. Senti-me uma privilegiada, por dar valor às pequenas coisas, por me emocionar até às lágrimas com estrelas cadentes, por ser suficientemente pequena para reconhecer a sua grandeza, por acreditar que vão realizar os meus desejos. A dada altura, pus-me a cantarolar: catch a falling star and put in your pocket, never let it fade away, catch a falling star and put it in your pocket, save it for a rainny day...
Mas o que fez realmente sentido, o que abriu outra janela da compreensão sobre mim mesma, foi quando o Chris Martin se pôs a dizer ao meu ouvido:
Here I lie on my own in a separate sky
Here I lie on my own in a separate sky
I don't want to die on my own here tonight
E percebi o quão individualista sou, o quanto sou dada a fechar portas, o quanto quero estar sozinha até que surja alguém que, de modo gritante, venha lançar sobre toda a minha vida a cortina do 'óbvio', será óbvio, será tão óbvio, que só aí eu vou perder a vontade de estar on my own, vontade essa que nem eu sabia que tinha dentro de mim.
Catch a falling star and...
13 Agosto 2010p
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