(foto by raquel baptista - rodrigo's mom)
Ainda não tinha saído da cama quando o pensamento me atingiu: os Loureiro estavam condenados a desaparecer. É verdade absoluta, entre nós, que os homens Loureiro são uns zeros à esquerda comparados com a conduta e as conquistas das mulheres mas, verdade seja dita, não é através de nós que o nome continua. A minha bisavó teve cinco filhos, dois dos quais tiveram filhos homens, e desses que tiveram filhos homens, só o meu pai teve filhos homens. E é isso, o nosso sobrenome ia morrer aqui. Tantos outros se interpuseram, através de casamentos e nascimentos, que o nosso sobrenome estava condenado a desaparecer por este beco por onde enveredou. Hoje de manhã, pensava no meu bebé, no quanto o meu irmão queria um rapaz e não lhe via outra utilidade, por ser rapaz, que não a de querer um filho para ser do Sporting como ele e para jogar à bola, um dia. Depois perguntei-me se a natureza não agirá inconscientemente, se não será do instinto de cada um, especialmente de cada homem, dar continuidade ao seu sangue. Sangue esse nosso que, simbólicamente, acabaria connosco. Agora existe o Rodrigo, Rodrigo Loureiro, e apetece-me sorrir só de constatar isso. Embora por vezes me pareça que pertence mais à família da mãe que à nossa, até por questões geográficas, é Loureiro que ele se chama, é o nosso nome e o nosso sangue que ele vai continuar. Porque eu e as minhas duas irmãs, a ter filhos, não serão Loureiro.
Rodrigo Loureiro, salvador do nosso nome, sem eira nem beira.
1 Novembro 2010
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