16 de nov. de 2010

dia da mãe

Está a dar o Guerra e Paz, um clássico do cinema. Como já é hábito, a casa reúne-se em redor desta televisão. A avó porque a sua televisão não tem o canal, as minhas irmãs porque seguem a avó para todo o lado e, daí a nada, até o Sr. Jorge se vem juntar. Continuo a cuidar do farmville enquanto a mais nova faz birras imperiais, na televisão explodem bombas (não se chamasse o filme Guerra e Paz) e o Sr. Jorge, à janela, diz:
- Cala-te Ana, olha cavalos ali no seminário.
- Porque é que há lá cavalos hoje?
- Porque é o dia do cavalo - e rimos todos.
Ela não percebe o que se passa, mas percebe que lhe demos gozo. Cruza os braços à janela, onde chega porque está em cima de uma cadeira, e fica a bater com o indicador no braço, a perna flectida, parece uma varinazinha à janela, furiosa.
A minha avó ri-se e mete os óculos, estica um cartão do dia da mãe com um desenho de rosas e diz-me:
- Célia foste tu que o fizeste?
Eu rio-me ironicamente:
- Ah, ah, ah - leio o cartão à distância - estás-me a ver a fazer um cartão «Adoro-te mãe!!!»?!.
- Ah, então é da Cláudia, deixa cá ler o cartão.

E é então que passa a citar, e é então que penso: isto é digno de registar:

«Mãe eu adoro-te,
do fundo do coração.
O meu amor por ti é imenso!
Eu faço tudo por ti,
quer dizer, quase tudo.
Beijos da filha,


Cláudia.»

(desenho by celia)
E a minha avó diz:
- Quase tudo?
Ao que a minha irmã responde com o meu cinismo:
- Claro.

2 Maio 2010

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